Na mais remota antiguidade, os egípcios já usavam a astrologia, no entanto esta dependia do
fervor religioso e do poder econômico da sua civilização. Os antigos egípcios acreditavam que os
ricos eram preferidos dos Deuses, enquanto que os pobres flagelados estavam sendo castigados por
suas faltas. O rio Nilo era a fonte de toda a vida; e os egípcios acreditavam que as inundações que
traziam fertilidade às regiões desérticas eram provocadas pela ação conjunta do Sol e Sírius, a
estrela brilhante que como consequência desta crença, adquiriu uma importância inusitada.
Na Grécia, a Astrologia apareceu relativamente tarde. Entretanto, cerca do ano 250 A.C.,
Berosus - astrólogo babilônico, impressionou o mundo clássico com os seus estudos, conseguindo
inclusive fundar uma escola para astrólogos na ilha de Cos. Nos quatrocentos anos que se seguiram,
os gregos adaptaram a astrologia caldeia às suas próprias tradições, tornando-a cada vez mais
formal e complicada. Divulgaram um sistema de diagnóstico pela astrologia, reservado até esse
momento somente aos soberanos e desenharam um método para calcular o destino individual
baseando-se no momento do nascimento. (Mapa natal)
O primeiro compêndio moderno de astrologia, o Tetrabiblos, é atribuído ao grande
astrônomo, matemático e geógrafo Cláudio Ptolomeu, nascido em Alexandria. Ptolomeu foi um dos
maiores intelectuais do seu tempo, trabalhou trinta anos, entre os anos 150 e 180 d.C. e criou as
bases das influências cósmicas que constituem o fundamento da prática astrológica atual. Sob a
influência da cultura grega e com Ptolomeu em particular, o zodíaco racionaliza-se e criam-se as
bases do seu funcionamento que, ainda hoje, permanecem quase inalteradas.
Na Roma imperial, os astrólogos chegaram ao auge sendo contratados inclusive por diversos
imperadores. Tibério, sempre consultava os astrólogos e deu-lhes proteção. Juvenal discriminava-os
ironicamente chamando-os de “rebanho caldeu”, Cláudio preferiu deixar-se orientar pelos augúrios
e baniu os astrólogos de sua corte.
Juvenal, por volta do ano 100, descreve a posição e o prestígio social que gozou a Astrologia,
referindo que existiam algumas pessoas que não eram capazes de aparecer num banquete ou nos
banhos, sem antes haver consultado as efemérides. Estas afirmações, dizem por si só, a importância
que a Astrologia alcançou em Roma.
Na Europa por volta de 180, a Astrologia entra em declínio, principalmente porque, nesta
época se perde a habilidade técnica para fazer observações e cálculos. Com a queda do Império
Romano, a Astrologia é temporariamente transformada em superstição.
A Igreja Católica atacou veementemente a astrologia ignorando as referências astrológicas no
Novo Testamento. Os Magos do Evangelho de São Lucas são um dos muitos exemplos. Apesar disso,
nem tudo se perdeu e a Igreja Oriental conservou certa ligação com a Astrologia científica.
Entre os primeiros padres da Igreja, empenhados em acabar com a astrologia, destaca-se San
Agustín de Nipona (354 - 430) que, apesar de ter aceitado a Astrologia em sua juventude, condenou-
a totalmente mais tarde. Conforme as suas afirmações, a Astrologia era, no melhor dos casos, uma
fraude; e se os astrólogos acertavam algumas vezes, isso se devia à invocação de espíritos diabólicos.
A sobrevivência da ciência e da filosofia clássicas deve-se, em grande parte, ao fato de ter sido
conservada e utilizada pelas culturas árabes do Norte de África e do Mediterrâneo Oriental,
aproximadamente desde o século VIII.
No túmulo do Faraó Ramsés VI, que reinou durante a vigésima
dinastia (1200 - 1085 A.C) encontra-se um interessante mapa
estelar em forma de um homem sentado. Segundo alguns
cientistas, era possível ler neste mapa as posições das estrelas
em cada hora, todas as noites do ano.
Os árabes demonstraram desde cedo uma extraordinária habilidade nos campos da medicina e
da astronomia. Em Bagdad e Damasco instalaram importantes centros de estudo e o Califa de
Bagdad, Al - Mansur (filho de Harun Al Rasid), criou um observatório e uma biblioteca, fazendo
desta cidade a capital astronômica do Mundo. Os estudos astronômicos árabes contribuíram de
forma importante para a orientação astrológica.
Os árabes definiram uma nova e um pouco duvidosa forma de astrologia prática que podia ser
utilizada no dia a dia para todo o tipo de prognósticos, como os momentos propícios para
empreender uma viagem, começar um negócio, contrair matrimônio, etc., enfatizavam sobre
indicações “favoráveis ou desfavoráveis”, ao invés vez de profetizar acontecimentos.
Albumansur ou Abu Maaschar (805-885)foi o maior dos astrólogos árabes e o
seu tratado “Introductorium in Astronomiam” mostra uma clara influência
aristotélica e foi um dos primeiros livros cuja tradução chegou à Europa,
através da Espanha, no início da Idade média e teve uma grande influência no
renascimento da Astrologia e da Astronomia.
Na Idade Média os teólogos tiveram de confrontar-se com o dilema de
classificar a Astrologia, como ciência legítima ou como uma arte divinatória
proibida. John de Salsbury (1115-1180) decidiu que, pelas suas amplas
aspirações proféticas e a sua aparente negação do livre arbítrio, a astrologia
usurpava o poder das estrelas ao próprio Criador.
Já no Liber Introductorius”, de Michael Scott (1235), encontra-se a seguinte citação: “Todo o
astrólogo é digno de ser considerado e respeitado, porque tem o favor de Deus, seu Criador, uma vez
que com a sua doutrina e os seus conhecimentos de astronomia conhece, talvez, muitos segredos
divinos e outras coisas que poucos conhecem”.
Santo Alberto Magno (1200 - 80) foi o grande responsável pela separação da astrologia das
suas associações pagãs. Foi ele o primeiro a compreender o valor teológico da ciência e das filosofias
grega e árabe. O seu grande mérito foi tornar este conhecimento acessível à civilização ocidental,
sobretudo os ensinamentos de Aristóteles, segundo os quais a base da doutrina afirmava que os
acontecimentos terrenos eram governados pelas esferas celestes. Santo Alberto chegou à conclusão
de que, ainda que as estrelas não pudessem exercer influência sobre a alma humana, influenciavam
o corpo e a vontade humana.
São Tomás de Aquino (1225-1274), um dos mais importantes teólogos cristãos, concretizou
ainda mais as ideias de Santo Alberto. A astrologia, excluindo os elementos de magia, poderia ser
aceita como objeto digno de estudo e, além disso, poderia considerar-se como um complemento da
visão de Universo e da própria Igreja.
A Astrologia, a partir de então passa a ser respeitada e nas novas universidades europeias, os
estudos astrológicos passaram a fazer parte do Currículo Universitário. A Universidade de Bolonha,
onde estudaram Dante e Petrarca, teve uma cátedra de Astrologia desde 1125. O título de astrólogo
era tão importante como qualquer outro e o astrólogo era tratado com muito respeito pela
sociedade, assim como os médicos.
Infelizmente, no decorrer da Idade Média, talvez no afã de se promoverem e chamar a
atenção dos reis e nobres foi crescendo entre os astrólogos uma tendência ao exagero, o que fez
que a Astrologia caísse em descrédito. Guido Bonatti – conhecido astrólogo do séc. XIII,
escreveu um livro que se tornou muito popular e esteve ao serviço do Conde Guido de
Montefeltro. Tamanho era o exagero que, ao iniciarem-se as campanhas militares do Conde,
mandava, por indicação das estrelas, tocarem um sino para que os soldados colocassem a
armadura, outra vez para que montassem a cavalo e outra para que partissem a galope. Dante
Alighieri, no seu “Inferno” – poema épico parte de “A Divina Comédia”, condenou Bonatti,
acusando - o de misturar ciência e magia e, nos últimos livros de sua obra, voltou a dar à
Astrologia a dignidade que merecia.
Nos primeiros tempos do Renascimento a Astrologia gozava de grande popularidade e o
Papa Júlio II, consultou um astrólogo para fixar o dia da sua coroação. O Papa Sixto IV (1414-
1484) foi um dos primeiros Papas que interpretou um horóscopo.
Dizia Santo Tomás de Aquino (1225- 1274): “Os corpos celestes são a causa de tudo o que se
passa no mundo sub-lunar.
Mas no decorrer do Renascimento, caiu a popularidade da Astrologia, mas desta vez
foram os próprios Papas seus a protetores.
A Índia é na atualidade a única parte do Mundo onde a astrologia possui uma grande
influência na vida quotidiana. O texto hindu de astrologia mais antigo que se tem referência foi
escrito cerca do ano 3000 A.C..
Os Vedas, importantes textos hindus do ano 1000 a. C., contêm referências astrológicas
e aproveitam a idéia hermética grega da passagem das almas ao céu, para se converterem em
estrelas.
No século III d.C. a astrologia já estava bastante desenvolvida e gozava de um enorme
apoio popular. Uma das razões da sua contínua popularidade deve-se ao fato de que
relacionam a astrologia com o conceito de Karma, comum às principais filosofias orientais. O
Karma é, grosso modo, a transmigração da alma através de sucessivas reencarnações, até
alcançar a união com o infinito; a conduta durante uma vida, determina o ponto de partida na
seguinte. A astrologia neste caso é utilizada para averiguar a etapa alcançada pela alma
durante a sua ultima encarnação e determinar assim a missão que a alma deve cumprir na vida
atual.
Uma das principais diferenças entre a astrologia contemporânea ocidental e a hindu, é a
utilização do Zodíaco Sideral, ou seja, a observação dos planetas em relação com as
constelações, ao invés de se considerar a sua posição nos signos do Zodíaco. Há sem dúvida,
também grandes semelhanças: as correspondências entre as partes do corpo regidas por cada
signo, por exemplo, a relação entre Câncer e os seios, Escorpião e os órgãos genitais e
Capricórnio e os joelhos. Também os atributos dos planetas são semelhantes. Cada mês de
gestação é atribuído a um determinado planeta, exceto o oitavo, considerado o mais crucial
para a sobrevivência do feto, que é regido pelo horóscopo completo.
A influência da astrologia hindu nos assuntos domésticos é, muito presente. Examinam-
se os horóscopos dos noivos, para verificar a compatibilidade de gênio e quaisquer outros
fatores relevantes, antes do consentimento dos pais.
Para construir uma casa, contrata-se o astrólogo ao mesmo tempo em que o arquiteto e o
construtor. É necessário determinar exatamente quando se deve colocar a primeira pedra,
cavar o poço ou começar a viver na casa. Cada objeto da natureza é considerado como um
libertador de determinada quantidade de força cósmica, e assim, quando se têm de combinar
vários materiais numa construção, devem unir-se no momento correto se não quiser que a sua
interação seja desfavorável.
Provavelmente a Astrologia foi introduzida na China através das rotas comerciais da
Ásia Central no terceiro milênio antes de Cristo.
Ao longo dos séculos a Astrologia chinesa criou as suas próprias peculiaridades. O
conceito chinês de Universo e a teoria das causas subjacentes uniram-se à astrologia para
formar uma filosofia com conceitos bastante complexos.
Segundo a Astrologia Chinesa, o Universo divide-se em cinco moradas (o ponto central e
as quatro regiões cardinais), existem cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal e água) e
cinco planetas além do Sol e da Lua. Todas as partes desta estrutura estão relacionadas entre
si, de tal forma que todos os fenômenos – cores, planetas, signos, emoções, elementos, etc.,
possuem relações especiais. Além disso, cada coisa é Yang, masculino, claro e móvel, ou Yin,
feminino, obscuro e estático. Os doze signos do Zodíaco estão representados por animais, a
saber: rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, cabra, macaco, galo, cão e porco. Estes
signos não dividem o firmamento, como no sistema babilônico, mas sim o Equador.
Correspondem a cada uma das doze horas-duplas usadas para medir o dia e cada um dos doze
meses do ano.
Os astrólogos eram frequentemente consultados por imperadores e chefes militares que
queriam saber datas propícias para cerimônias e campanhas. O equipamento básico utilizado
pelos astrólogos clássicos até há relativamente pouco tempo era o disco mágico Lo - King, um
horóscopo dividido em seis círculos para predizer o futuro de um indivíduo. Marco Polo (1245-
1324) cita que o viu ser utilizado durante a sua permanência na China sob o domínio mongol
de Kublai Khan, e que servia para fixar a data de cremação dos dignitários que faleciam. As
cerimônias não podiam ser realizadas até que os planetas de nascimento do morto estivessem
no ascendente e, assim os corpos poderiam permanecer embalsamados e fechados no ataúde,
durante semanas e até meses. Este hábito perdurou até o século XIX.
Durante o Renascimento, o prestígio da astrologia aumentou consideravelmente, assim
como o número de astrólogos. Talvez por ser uma época conturbada por crises espirituais,
perturbações socioeconômicas e conflitos armados.
Em épocas de crise, o Homem sente necessidade de procurar no céu a resposta para as
suas dúvidas. Nesta perspectiva, os astrólogos foram aumentando a sua influência e grandes
figuras do Renascimento ficaram intimamente ligadas à Astrologia, por exemplo, Martinho
Lutero, que chegou a escrever o prefácio para um livro de astrologia de Johannes
Lichtenberger, reforçando a idéia de que tudo o que acontece tem uma justificação nos sinais
dados pelo Céu e pela Terra.
No entanto outros como Calvino e a Inquisição condenavam-na com muita veemência. Na
verdade aqueles que condenavam a astrologia por motivos científicos, eram em menor número do
que aqueles que o faziam por motivos puramente religiosos.
Nesta mesma época viveu Nostradamus, que foi médico-astrólogo da Rainha Catarina de
Médicis e muitos outros personagens, escritores como Rabelais e o pintor Durer .
Cornélio Agrippa também deu sua contribuição com a sua obra “Filosofia Oculta” e Paracelso que,
segundo o seu sistema, a astrologia tradicional encontra o seu lugar, inclusive no âmbito médico.
Também podemos citar Francis Bacon e Kepler que realizou os seus cálculos matemáticos das
órbitas planetárias há cerca de 350 anos, trazendo grandes mudanças para a Astrologia.
O interesse manifestado pelos astrólogos do Renascimento pela alquimia, numerologia e
outros campos despertou, no público em geral, o interesse pelas revelações do oculto, fazendo
dispersar o núcleo do pensamento astrológico, o que contribuiu em parte para sua decadência no
decorrer deste período.
Em 1543, Copérnico, astrônomo polaco, publicou uma obra na qual expunha a teoria de que
era o Sol e não a Terra que se situava no centro do sistema solar. Os estudiosos renascentistas já
conheciam esta teoria heliocêntrica, defendida por Aristarco - matemático grego, muitos séculos
antes. Consciente dos perigos da ira da Igreja, Copérnico só publicou o seu livro no fim de sua vida:
na realidade, quando se tornaram evidentes as implicações da sua obra nos 50 anos seguintes, a
Igreja demonstrou toda a sua hostilidade.
Em 1600, um seguidor de Copérnico foi queimado na fogueira por defender as suas idéias e,
em 1663, Galileu foi obrigado a retratar-se publicamente. Apesar de nesta época a Igreja já tolerar as
formas simbólicas e proféticas da Astrologia, sentiu seu poder ameaçado por estes novos astrólogos.
As teorias de Copérnico não estavam totalmente certas e ele não teve à sua disposição os
meios para comprová-las. Ironicamente, foi um astrólogo que se opunha às suas idéias - Tycho
Brahe - uma das figuras mais excêntricas da nova era da astrologia telescópica, quem acabou por
comprovar as suas teorias.
Tycho Brahe, anunciou em 1566 um eclipse da Lua que coincidiria com a morte do Sultão da
Turquia. O aparecimento de uma nova estrela, tão brilhante que podia ser observada à olho nu em
plena luz do dia, (sabe-se hoje que se tratava de uma supernova) fez com que o Rei da Dinamarca
financiasse um observatório na Ilha de Huen, en Sund, onde o astrônomo trabalhou por vinte anos -
entre 1576 e 1596, reunindo um catálogo muito preciso de estrelas e fazendo observações sobre as
posições dos planetas, em especial, Marte. Brahe ocupou o cargo de matemático imperial do Sagrado
Imperador Romano, Rodolfo II, na Boemia, onde um alemão de nome Johannes Kepler se tornou o
seu primeiro ajudante.
Kepler, também chegou a matemático imperial depois da morte de Tycho em 1601 e utilizou as
observações exatas de Tycho para provar que a Terra e outros planetas giram em elipses e não em
círculos em volta do Sol.
Sóror Fortuna
Tumba de Ramsés VI
São Thomás de Aquino
Alberto Magno (1193-1280)
Alberto Von Bollstadt, também
conhecido como Alberto de Colônia
ou Santo Alberto Magno frade
dominicano, filósofo, Bispo de
Regensburg e doutor da Igreja,
santificado em 1931, estudou em
Pádua, ensinou em Paris e em
Colônia, onde dirigiu durante muitos
anos o Studium Geral da Ordem
Dominicana. Era muito culto, físico,
químico, conhecia o hebraico e o
árabe, estudava astronomia,
metereologia, mineralogia, zoologia,
botânica, filosofia e teologia
(matérias que teve Tomás de Aquino
como aluno), ciências naturais e teve
o indiscutível mérito de introduzir o
pensamento de Aristóteles na cultura
do seu tempo e de fundar o
aristotelismo cristão. Escreveu
diversas obras de magia que se
tornaram populares: O grande
Alberto, O pequeno Alberto e Os
Admiráveis Segredos de Alberto - O
Grande, de maneira especial,
continuam sendo ainda úteis para
muitos ensinamentos,
particularmente no que diz respeito à
adivinhação e às correspondências
mágicas. Também escreveu livros
sobre Tecelagem, Navegação e
Agricultura. Tornou-se famoso por
seu vasto conhecimento e por sua
defesa da coexistência pacífica da
ciência e da religião. Ele é
considerado o maior filósofo e
teólogo alemão da Idade Média. Ele
foi o primeiro intelectual medieval a
aplicar a filosofia de Aristóteles no
pensamento cristão. Foi chamado o
"Doutor Universal".
A E.I.E. Caminhos da Tradição traduziu
a obra de Carlos Magno intitulada:
“Compositum di Compositis” que fala
sobre Alquimia especialmente sobre a
Pedra Filosofal. Confira clicando abaixo:
Nostradamus